Você sente dor persistente, tensão muscular e amplitude de movimento limitada do ombro, costas, piriforme (dor de ciática) entre outros músculos? Poderia ser síndrome doloroso miofascial!!!
A síndrome dolorosa miofascial é uma condição de dor originada no músculo e na fáscia circundante, a maioria dos pacientes sofre de dor muscular local e dor referida em padrões específicos, geralmente relatam dor persistente, tensão muscular e amplitude de movimento limitada, é comum entre pacientes com problemas de dor musculoesquelética. Até 85% das pessoas experimentarão dor miofascial pelo menos uma vez na vida e é uma causa importante e muitas vezes negligenciada de incapacidade na prática clínica. E aproximadamente do 30% a 85% dos pacientes com dor musculoesquelética sofrem desta condição, geralmente encontrada na população de 27 a 50 anos.
Acredita-se que se deve a uma atividade contrátil sustentada do ponto-gatilho muscular causa isquemia local, hipóxia e alterações neurofisiológicas nos nociceptores, levando à sensibilização da dor. Os achados comuns são:
• Palpação de pelo menos um ponto sensível em uma faixa tensa
• Amplitude de movimento limitada
• Dor do paciente à palpação do ponto sensível
• Resposta de contração local
Os pacientes geralmente apresentam dor localizada em área restrita ou dor referida de vários padrões, o exame físico podem revelar pontos-gatilhos (PGs) nos músculos envolvidos como bandas tensas (ventre muscular contraído que pode ser palpado). Os pontos gatilhos podem se desenvolver dentro de qualquer músculo esquelético.
Os músculos mais comumente afetados:
• Esternocleidomastóideo (pesocoço)
• Trapézio (parte superior de costas e ombro)
• Elevador da escápula (parte superior de costas e ombro)
• Infraespinal (parte superior de costas e ombro)
• Rombóide
Existem PGs (Pontos gatilhos) latentes em pacientes sem dor, porem qualquer insulto sistêmico leve, incluindo mudanças de temperatura ambiental, alongamentos menores e estímulos emocionais, pode ativar um PG latente.
A SDM (síndrome doloroso miofacial) pode ser dividida nas formas:
Aguda (resolve com medicamentos simples), No entanto, fatores de perpetuação mecânicos e biológicos podem sustentar a fase aguda e evoluir para PGMs crônicas.
Crônica (piores no prognóstico e os sintomas podem durar 6 meses ou mais). A irritação dos PGs crônicos pode se espalhar para outros músculos.
Os fatores de risco comuns para desenvolver SDM são :
Após traumatismos.
Fatores ergonômicos (por exemplo, atividades de uso excessivo, postura anormal)
Fatores estruturais (osteoartrite, espondilose, escoliose)
Fatores sistêmicos (hipotireoidismo, deficiência de vitamina D, deficiência de ferro)
Após lesões musculares ou atividades de uso excessivo.
Diagnostico:
Como mencionado acima, a SDM é uma condição médica baseada em achados clínicos no exame físico, mas pode usar dispositivos médicos (como tomografia, ressonância, eletromiografia e ultra-som) para confirmar o diagnóstico, a importância do uso de exames médicos de imagem e eletrofisiológicos reside no seu valor na exclusão de outros distúrbios musculoesqueléticos.
Além disso, podemos usar exames laboratoriais para identificar potenciais deficiências hormonais e nutricionais relevantes para a MPS, como hipotireoidismo ou deficiência de vitamina D.
Os objetivos do tratamento da SDM são:
Alívio da dor.
Correção dos fatores precipitantes.
A base para o tratamento não farmacológico:
Uma rotina regular de exercícios que inclui alongamento lento e sustentado dos músculos com restauração gradual da amplitude de movimento normal.
O treinamento de força é desencorajado inicialmente, pois pode resultar na substituição de outros músculos, má mecânica funcional e sobrecarga muscular levando à exacerbação da dor miofascial.
O tratamento farmacológico (para pacientes nos quais a fisioterapia e outras técnicas falharam)
Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).
Relaxantes musculares.
Agonista α-adrenérgico de ação central.
Tramadol é um agonista opióide fraco com alguma evidência de eficácia.
Antidepressivos tricíclicos, são eficazes para cefaleia do tipo tensional e síndromes de dor intratável com espasmo muscular.
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem melhorar a dor geral, o sono e os sintomas neurocognitivos na fibromialgia, mas não foram estudados especificamente para SDM.
Terapia de agulhamento:
Uma prática mais invasiva, mas eficaz, quando as medidas conservadoras falham, é a injeção do PGs, Tanto agulhamento seco quanto injeção anestésica mostrou melhor eficácia no alívio da dor do que a injeção de solução salina em vários estudos.
Agulhamento seco: inserção de uma agulha semelhante à acupuntura na pele e no músculo no local do PG.
- Agulhamento humedo: Embora o agulhamento seco forneça alívio da dor igual ao da injeção de medicação, mais dor pós-injeção é relatada com agulhamento seco. O agente anestésico mais usado para a injeção no ponto-gatilho é a lidocaína, outros anestésicos usados incluem procaína, prilocaína, mepivacaína, bupivacaína, levobupivacaína e ropivacaína.
- A toxina botulínica A: É um agente eficaz, mas caro agora disponível para uso em MPS crônica. Vários estudos pequenos, randomizados e controlados demonstraram uma melhora geral nos descritores de dor, tensão muscular e dor por pressão limiares
Outras opções:
Onda de choque extracorpórea
Laser de baixa potência
Acupuntura
O sucesso no manejo da MPS também depende:
Da correção dos fatores perpetuantes, principalmente na SDM crônica
O suplemento de vitamina D caso deficiência
Tratamento de fatores ergonômicos (atividades de uso excessivo, postura anormal) o Tratamento de condições desencadeantes (osteoartrite, espondilose, escoliose)
Após a redução da dor da PGM
- A restauração da amplitude de movimento normal com um programa de fortalecimento gradual combinado com exercícios aeróbicos seria o plano ideal para prevenção de recorrência.
- A massagem profunda ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo e aumenta a drenagem linfática do PG enquanto ativa a liberação de endorfinas, que juntas proporcionam alívio da SDM e ajuda na prevenção da recorrência.
Existem uma grande variedade de medicamentos terapêuticas como agulhamento e toxina botulínica em casos refratários, assim como tratamento ideal para os fatores de risco precipitantes, converse com seu neurologista para ver as melhores opções para você, não sofra em silêncio e não ache que dor é normal, há solução para o seu problema.
Referencias:
- Video: https://www.youtube.com/watch?v=bvG7BJ_4CIA
- Comeau, D., Otis, J., & Weller, J. (2018). Myofascial Pain. Seminars in Neurology, 38(06), 640–643. doi:10.1055/s-0038-1673674
- Tantanatip A, Chang KV. Myofascial Pain Syndrome. 2021 Jul 10. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 29763057.